Angola ainda não tem infraestruturas para o desenvolvimento do sector das telecomunicações, onde estas ainda não são suficientes e têm de ser remodeladas para as adequar a tecnologias mais modernas, na opinião do PCA do grupo ITA – Paratus, Francisco Pinto Leite.
O gestor que falava no VII Fórum Telecom do Jornal Expansão, disse que “temos de continuar a investir seriamente”, alertando que é fundamental que as empresas partilhem infraestruturas, o que permitirá até baixar os preços operacionais e, por sua vez, os preços aos consumidores.
Já a PCE da MSTelcom, Felisberta Jesus, frisou que há casos de sucesso de partilha de infraestruturas no País entre empresas até de sectores fora das telecomunicações. Ainda assim, considera que esta questão deve ser pensada como um todo.
“Penso que, além dos aspectos do investimento dos próprios operadores, é preciso haver aqui um plano directório e pensarmos como País. Penso que não se devia pensar apenas em expandir só as telecomunicações por expandir, mas criar toda a infraestrutura, serviços públicos ou privados”.
A responsável considerou ainda que é necessário trabalhar na acessibilidade de todos os angolanos, tendo em consideração que uma parte da população não tem condições de poder de compra para aceder a estes serviços.
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Quanto a Já Rui Faria, administrador executivo da Angola Cables, revelou que grande parte da infraestrutura da empresa a nível internacional está assente em parcerias, já que lá fora é uma prática comum para baixar os custos de investimento ou de manutenção.
“O grande desafio que nós temos aqui em Angola é em termos de infraestrutura. E um dos desafios que nós encontramos nos operadores que têm infraestrutura é que essa infraestrutura ainda não está adequada para trafegar capacidade [grande] de dados. Então nós precisamos de aguardar que haja efectivamente um investimento, porque é preciso fazer o investimento. E esse investimento, quando é feito, tem de ser rentabilizado naturalmente. Daí que alguns operadores têm alguma dificuldade em partilhar a infraestrutura numa fase inicial dos seus próprios investimentos. Isso compreende-se e isso também acontece lá fora”, sublinha.
Quanto ao CEO da Africell, Jorge Vazquez, que lamentou o risco cambial que os investimentos em Angola pressupõe, referiu que é tempo de as empresas do sector começarem a investir em conjunto em infraestruturas.
“Acho que podemos colocar todo o investimento junto. Eu penso que agora é tempo de nos juntarmos e investir na infraestrutura, para o País. E, com isso, podemos investir noutros produtos para avançar em termos de tecnologia e de educação”, avançou.
O responsável acrescentou que é expectável que os preços subam, até porque Angola continua a ter preços muito abaixo dos praticados nos países vizinhos, o que acaba por condicionar os investimentos,
Por outro lado, o PCE da Infrasat Angola, Diogo Carvalho, aproveitou a ocasião para defender algumas isenções junto do Estado na importação de materiais para o sector.
“O que eu entendo é que infraestrutura que temos não é má. Só que o problema é que o consumidor final não tem como aceder a essa infraestrutura. Temos disponibilidade de fibra óptica marítima, terrestre, temos um satélite, temos satélites de baixa órbita (…) mas agora, como é que o consumidor final acede a essa infraestrutura, a esse investimento? Por exemplo, nós temos a telemedicina. Quando eu importo um equipamento de telemedicina, qual é a isenção que há?”, questionou.