Um olhar sobre o futuro da TV em Angola

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Uma grande parte do mundo passa por um momento em que a Televisão e os serviços de vídeo pela internet estão travando uma competição cada vez maior, fazendo com que em muitas faixas de público a televisão perca força e audiência.

Algumas emissoras já estão percebendo esta tendência e se aliando às plataformas digitais, como é o caso da brasileira TV Globo, que possui um próprio serviço de streaming, o Globoplay, com produções originais que são alavancadas em TV aberta, com a exibição de episódios especiais e comerciais constantes.

Aqui em Angola, já podemos perceber as TVs perdendo um pouco do seu público. Em 2019, depois de um longo período de alta, o número de assinantes das operadoras de televisão por satélite no país diminuiu. Foram quase 180 mil clientes a menos do que em 2018, de acordo com os números do INACOM, o Instituto Angolano das Comunicações. A alta nos preços é um dos principais fatores que contribuíram para isso.

Mesmo que a tendência mundial seja a migração ou convivência da TV com os serviços de Streaming, em Angola, este movimento ainda seria muito limitado devido à porcentagem de moradores com acesso à internet. São pouco mais de 6 milhões, o que corresponde a aproximadamente 20% da população do país. Este número está crescendo consideravelmente, mas a porcentagem ainda é baixa se comparada com a de outros países onde o streaming está consolidado.

Porém, um documento lançado pelo Governo de Angola apresenta grandes expectativas para mudar esse panorama: o Livro Branco das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). O livro traz perspectivas para o setor das comunicações no país, com o planejamento elaborado até o ano de 2022. O Governo espera que até lá o número de usuários de internet cresça 85% no país.

Além do planejamento para a expansão das redes de internet, o Livro Branco das TICs também conta com deliberações exclusivas para a TV. A principal delas é a implementação da Televisão Digital Terrestre que funciona com antena externa e melhorará muito a qualidade dos serviços televisivos no país e abrirá uma nova gama de possibilidades para as emissoras, melhorando o serviço público de televisão e tornando-o mais democrático.

Com o aumento no número de internautas e a melhoria nos serviços de televisão, podemos estar próximos do momento em que a população angolana adotará o streaming com o mesmo afinco que ama a televisão. No entanto, esse movimento precisa ser muito bem planejado para que continuemos consumindo os conteúdos nacionais, caso contrário, poderemos passar por uma crise no setor audiovisual.

Pensando nisso, o essencial é que as emissoras de TV nacionais adotem um estilo de utilizar o streaming como aliado. Além disso, projetos de produções próprias angolanas, como o serviço de streaming Tellas, são essenciais para que essa migração para o virtual não acabe com as produções angolanas.

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