A diversidade de atrativos naturais, culturais, históricos e de lazer tem inspirado cada vez mais o turismo em Cabo Verde, onde nessa senda nasceu a startup Tourist Travel Talk (TT Talk), para potencializar e dar ferramentas aos operadores turísticos locais, que espelham a diversidade cultural, gastronómica, ambiental e patrimonial cabo-verdiana, além de alavancar o marketing digital do país.
Fundada pelo jovem Wilkar Graça, a TT TALK foi um dos projetos inovadores que representou Cabo Verde na última edição do Web Summit, e que tem ainda como plano de fundo o objetivo de criar experiências imersivas entre turistas e as comunidades locais.
“Nós temos um problema relativamente ao marketing, exposição e promoção digital, daquilo que são as nossas ofertas. Porque o que acontece é que, em Cabo Verde, operadores internacionais acabaram por perceber uma potencialidade enorme à volta de sol e praia. Acabaram por instalar as suas bases nas ilhas do Sal e Boa-Vista. Cabo-Verde tem um turismo em massa, à volta de sol e praia, e também de pacotes que não permitem com que as riquezas geradas à volta do turismo cheguem às comunidades”, disse Wilkar Graça em entrevista a revista BantuMen.
“A plataforma TT Talk é praticamente uma rede social que vai possibilitar o turista conectar-se com Cabo-Verde, interagir com os operadores turísticos, que terão a autorização para colocar os seus serviços disponíveis para uma melhor promoção dos mesmos e estar constantemente a comunicar em tempo real, de forma contínua e que permita também a socialização”, informou o Founder.
Nos últimos tempos, as plataformas de turismo em Cabo Verde têm promovido as suas ofertas de forma dispersa nas diferentes redes sociais, e onde a TT TALK concentra as ofertas dos operadores locais num único espaço online, que, além de dar “a possibilidade das comunidades locais se beneficiar económica e socialmente do potencial turístico que Cabo Verde, tem ainda o propósito de diminuir as desvantagens, comparativamente aos operadores internacionais, e consequentemente, diminuir assimetrias regionais. Porque as ilhas como o Sal e Boa-Vista, por exemplo, acabam por ficar saturadas. E isso não só traz riquezas, mas problemas a nível social”, sublinha.
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Sobre a presença da startup no Web Summit, Wilkar Graça ressalta que não se tratou apenas para conseguir investimentos, mas principalmente para encontrar pessoas, entidades e organizações que queiram fazer parcerias, a nível nacional como internacional, que possam vir a potencializar a implementação da TT Talk no seu país.
“As startups são feitas de pessoas que têm também que aprimorar a visão, desde conversar com pessoas como vocês, jornalistas. Adquirir experiências, conhecer a realidade a nível internacional e perceber os aspetos que devo utilizar para melhorar a minha atuação e da startup. Fora que temos também a possibilidade de participar de outros eventos [à volta da Web Summit] e fazer networking, que hoje em dia é muito importante”, reiterou.
“Em 2019, na fase em que surgiu-me a ideia, estive a conversar com o meu professor de informática, por ser uma solução ligada à área de tecnologia, a ver como é que poderia ajudar. Alguns meses depois, enviou-me este concurso, no qual participei e, desde então, tenho vindo a desenvolver a startup. Hoje, estamos numa fase de marketing, daí ter falado na questão de parcerias. Já temos a plataforma pronta, temos networking com os potenciais parceiros, a nível de operadores turísticos locais e também criamos experiências para viajantes“, afirmou Wilker que nunca teve uma componente informática no secundário.
Foi na universidade, ao ingressar no curso de Gestão, que teve o primeiro contato com este universo. Depois de um ano como estudante, surgiu a oportunidade de participar num concurso, organizado pelo governo de Cabo Verde, através da Cabo Verde Digital.
“É preciso termos as ferramentas necessárias, as condições necessárias, as pessoas certas, no tempo certo, que nós conseguiremos fazer o resto. Mas obviamente, é preciso desenvolver muitas coisas em Cabo Verde, mas acho que estamos num bom caminho. Apostar na educação, na oportunidade e tentar potencializar a comunicação interna. Este concurso, por exemplo, não chegou a toda a gente. Nunca chega. Temos de potencializar, de forma a que a informação chegue a todo lado e às pessoas certas. Ou seja, a jovens como eu que, por exemplo, a partir de um professor, conseguiu obter a informação”, finalizou.