Quénia: Projecto de promoção à alfabetização digital falhou

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Em 2013, o governo do Quénia prometeu oferecer computadores portáteis para todos os alunos que ingressassem na escola primária. Isso foi feito como uma promessa durante a campanha eleitoral, e foi uma das promessas políticas mais caras já feitas. Isso envolveria a emissão de computadores portáteis para cada novo lote de alunos que ingressasse na primeira classe todos os anos.

O objectivo do projecto era promover a alfabetização digital e preparar os jovens aprendizes para prosperar em uma economia baseada nas TIC.

Infelizmente o governo queniano começou a cumprir com a promessa apenas em 2016. No entanto, não era cedeu mais computadores portáteis, mas sim tablets. A realidade afundou lentamente, pois não havia como o governo emitir computadores portáteis dedicados para ensinar uma criança, preferindo assim usar tablets especialmente desenvolvidos para as crianças.

Seis anos após o anúncio do projecto e três anos após o início da implementação, o projecto foi retirado em silêncio. De fato, não houve anúncio oficial sobre o mesmo. Apenas os analistas de orçamento aguçado descobriram que o governo tinha alocado zero xelins para o projecto, sinalizando o seu fim.

O que deu errado?

Muitas coisas estiveram na base deste erro, porque, como veremos, a tecnologia em prol da tecnologia não é uma boa ideia, e a inclusão digital não pode ser alcançada ignorando-se outras necessidades básicas de um povo.

Este projecto foi obrigado a falhar pelos seguintes motivos:

  1. Seria extremamente caro executar o projecto. Isso na verdade custaria mais do que todos os outros custos associados à educação primária gratuita actualmente oferecida pelo governo do Quénia;
  2. A falta de pessoal qualificado para executar o programa foi um grande obstáculo. A maioria dos professores não têm valências em informática, e um treinamento de uma semana pelo governo não os tornaria especialistas, quando as crianças que deveriam ensinar poderiam superá-las facilmente usando smartphones e tablets. O conteúdo também não estava pronto e atrasou o lançamento por um bom tempo;
  3. As prioridades estavam erradas desde o começo. As escolas não têm professores, salas de aula, conexão com a Internet e, em alguns lugares, não há escolas! Também é comum que as crianças abandonem a escola devido à falta de livros ou mesmo de comida;
  4. Falta de infraestrutura necessária. Apenas 10% das escolas estavam conectadas à Internet, enquanto 50% estavam longe da rede nacional. As escolas também não dispunham de instalações para armazenar os dispositivos com segurança, considerando os muitos casos de invasão escolar em que os livros estavam a ser roubados.
  5. Falta de mecanismo de suporte quando a tecnologia falhou. Isso deixou os professores e alunos retidos, e muitas vezes tendo que esperar por muito tempo para receber apoio técnico;

Essa é uma ideia clara de como muitos governos nos países Africanos tem errado quando se trata da inclusão digital, visto que ainda temos muitos problemas de base a serem resolvidos, a ideia é não passar a impressão que nada deve ser feito, mas algumas problemas de base devem ser resolvidos para depois darmos um passo satisfatório.

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