Perigo virtual: cresce as burlas de emprego e troca de divisas na internet

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) regista 2 mil casos por ano, sendo Outubro, Novembro e Dezembro os meses com mais ocorrências. Burlas com promessas de emprego lideram o ranking das fraudes, mas há também outras formas de burlar os utilizadores dos meios de pagamento digitais.

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Promessas de emprego, troca de divisas e os pagamentos móveis pelo aplicativo Multicaixa Express figuram entre os tipos de burlas mais consumados através da internet. A maior parte destes crimes são realizados sob perfis falsos de entidades públicas, sendo que o Facebook é a rede social mais usada, apurou o Expansão junto da direção de Crimes Cibernéticos do Serviço de Investigação Criminal (SIC).

A estas burlas consumadas pela internet junta-se a aliciação através de anúncios de vendas de carros, de prémios de empresas públicas e privadas bem-sucedidas, venda de “balões” de fardo a preços muito baixos, casas, terrenos e promessas de amor, em que burladores assediam senhoras com algum poder financeiro, que acabam por ser vítimas de extorsão.

Em relação às burlas consumadas através de propostas de emprego, “estás só lideram o ranking por causa do alto índice de desemprego no País”, refere o diretor de Telecomunicações e Tecnologias de Informação do SIC, Francisco Pedro, que reconhece que esta situação veio abrir um novo campo de oportunidade para os burlões.

Ou seja, o SIC regista diariamente dezenas de queixas de burlas consumadas pela internet. Por ano, a instituição recebe mais de 2 mil casos/ano, sendo que os três últimos meses do ano (outubro, novembro e dezembro) é quando se regista maior número de casos.

Clonagem de perfis

“Essas burlas são aplicadas através do fixing – um link fraudulento que os burladores criam para clonar perfis de entidades públicas, empresas ou pessoas conhecidas e onde introduzem dados aliciantes que fazem com que as pessoas, por distração, coloquem os seus dados pessoais e depois veem as suas contas bancárias invadidas”, explica Francisco Pedro.

De acordo com o responsável da área de Telecomunicações e Tecnologias de Informação do SIC, mais de 1.000 milhões Kz perdem- -se todos os anos em casos de burlas, através da internet, especificamente nas redes sociais.

Neurity Vunda é uma das vítimas. Em abril deste ano, interessou-se por uma viatura Toyota Lander Cruiser, que estava à venda no Facebook por 30 milhões Kz. Ao Expansão, a mulher contou que assim que manteve o primeiro contacto com o burlador, via internet, a mostrar interesse, o homem foi pressionando com o argumento de que já tinha alguém interessado e que devia pagar o quanto antes. E caso demorasse mais meio-dia perderia a oportunidade de adquirir o veículo.

“Na ânsia de conseguir a viatura, transferi metade do valor (15 milhões Kz), para depois nos encontrarmos pessoalmente e fechar o negócio. Meia hora depois, o telefone do vendedor já estava desligado, até hoje”, contou.

Na internet, os carros variam entre 500 mil Kz e os 35 mil Kz. Os preços são, de facto, muito baixos, o que leva qualquer pessoa a desconfiar, apesar de haver vendas verdadeiras no meio das fraudes.

Vítimas do amor

Mas há também outras formas de burla, que se consumam através de promessas de amor. Márcia, funcionária pública de 35 anos, conheceu, em 2021, um jovem na internet e mantiveram um relacionamento que durou quatro meses.

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