A Inteligência Artificial pode ajudar países em desenvolvimento e o acesso deve ser facilitado, defendeu o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, numa cimeira sobre a IA perto de Londres.
Segundo o responsável, a IA tem potencial para ajudar os países em desenvolvimento cujas economias foram afetadas pela pandemia da covid-19 e que resultaram numa acumulação de dívidas.
“Pode ajudar os governos a elaborar orçamentos, ajudar as empresas a expandir-se e ajudar os cientistas do clima a prever secas e tempestades. Pode ajudar as pessoas comuns a aceder a cuidados de saúde e educação vitais. Pode ser um enorme acelerador e facilitador dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável“, sugeriu.
Porém, para isso, Guterres argumentou que todos os países e comunidades devem ter acesso à IA e às infraestruturas digitais e de dados necessários.
“Atualmente, as tecnologias de IA estão limitadas a alguns países e empresas. Por isso, precisamos de um esforço sistemático para mudar essa situação“, vincou.
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Em causa está o exacerbar das desigualdades entre países ricos e pobres.
“Isto não é um risco, é uma realidade. Um relatório recente concluiu que nenhum país africano está entre os 50 melhores em termos de preparação para a IA, 21 dos 25 países com a pontuação mais baixa eram africanos“, sustentou.
O secretário-geral da ONU falava no segundo e último dia da Cimeira Internacional sobre Segurança da Inteligência Artificial, organizada pelo Governo britânico em Bletchley Park, a norte de Londres.
No discurso, Guterres falou no ritmo acelerado de desenvolvimento da IA, que exige uma governação urgente coordenada a nível internacional para reduzir os riscos e consequências negativas.
Nesse sentido, destacou o papel do órgão consultivo multissetorial de alto nível sobre IA lançado na semana passada, que deverá apresentar recomendações até ao final do ano.
Estas recomendações serão integradas no Pacto Digital Global a propor para adoção pelos Chefes de Estado na Cimeira do Futuro, em setembro de 2024.
“Precisamos de uma estratégia unida, sustentada e global, baseada no multilateralismo e na participação de todas as partes interessadas. As Nações Unidas estão prontas a desempenhar o seu papel”, concluiu.