Este artigo foi enviado por Fábio José . Quer partilhar conhecimento com os demais seguidores do MenosFios? Siga os passos.
Não obstante, o surgimento de apps e serviços como (Tupuca, Kubinga, Manifexto, Wii-Connect, Soba e-store, Garson, Sócia App etc. ) é uma realidade diária, embora a maior parte destas soluções estar concentrada na capital do país, Luanda. Apesar dos vários constrangimentos de ordem técnica, financeira e até legal (na ausência de uma base legal reguladora do segmento) que incidem sobre o ciclo de vida das Startups e PMEs nacionais, eis algumas razões pela qual defendo que Angola está pronta para acolher o crescimento de serviços digitais:
- População apelativa para Startups & PME:
Para produtos originários da esfera digital, é importante existência uma população familiarizada com a tecnologia associada a ele, disposta a experimentar, flexível e tolerante a possíveis falhas oriundas de novos modelos de negócios. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, Angola tem cerca de 31 milhões de habitantes e segundo as projecções, chegará até aos 33 milhões de habitantes. As mesmas projecções davam conta de que o crescimento anual nacional tem sido de, em média, de mais de um milhão de pessoas (INE, 2019).
Basicamente, a composição demográfica da população Angolana está configurada da seguinte maneira:
- Mais de 50% da população abaixo dos 25 anos, disposta a experimentar;
- Mais inclinada a experimentar por novos serviços;
- Longevidade sobre a assinatura do cliente (clientes jovens que aumentam seus gastos com serviços).
Assumindo que a situação económica melhore e que, subsequentemente haja um aumento do poder de compra ao longo do tempo para uma parte significativa da população, é uma aposta segura investir nesta economia a longo prazo. Importa salientar que a educação é fundamental para tirar proveito da composição demográfica, o que se traduz no combate ao analfabetismo bem como na promoção da inclusão digital – esta última, sendo crucial.
- Disponibilidade de infraestrutura
Embora talvez não seja de conhecimento geral, Angola possui uma infraestrutura privilegiada, talvez até propicia para (sustentar a longo prazo empresas que actuam na esfera digital), principalmente se consideráramos a actual onda de Tecnologias de Informação que varre o continente nos últimos tempos. Passo a listar:
- 3 cabos submarinos garantem a conectividade necessária para atender a demanda local;
- Pelo menos 8 Data Centers comerciais – Multipla, ITA, MSTelcom com 3 Data Centers próprios, Angonap, EMIS, Angola Telecom e tanto vários bancos como empresas possuem Data Center operacionais para suporte das suas operações;
- Rede móvel (com o domínio evidente de uma operadora) com cobertura nacional – importa aqui notar que, apesar do domínio evidente de uma operadora, condições estão a ser preparadas para um mercado mais competitivo quer pela via de entrada de operadores novos como pela reestruturação dos operadores existentes;
- Capacidade Hidroeléctrica – de acordo com a Associação Internacional de Hidroeléctricas da IHA, Angola está em 5º lugar no mundo, com 668 MW de nova capacidade instalada de energia, com capacidade total de 3.083 MW, melhor do que o Egipto, que recebe mais investimento para Startups do que Angola.
Em suma, a existência de infraestrutura de suporte à Startups e PMEs relacionadas as TICS é motivo suficiente para a realização de investimentos neste cenário crescente.
- Oportunidades em todos os lugares
Basicamente, isso significa que há uma panóplia de oportunidades. Se tem um bom serviço, é aceite e valorizado pelo mercado, as chances de sobrevivência aumentam drasticamente. Ademais, a disponibilidade de ferramentas digitais actuais oferece a oportunidade de aumentar a escala e atingir um público maior.
Alguns dos sectores que podem se beneficiar são:
- Transporte;
- Cuidados de saúde;
- Educação;
- Comércio e E-Commerce;
- Serviços Gerais, etc.
Olhando para o Futuro
Mesmo de uma maneira simplista, podemos ver que os pilares para o sustento da inovação existem, são reais e tangíveis. No entanto, algumas necessidades persistem, entre estas:
- Pessoas curiosas – Normalmente, o sonho de uma Startup é vendido para pessoas mais jovens ou para o segmento de tecnologia, mas essa inspiração pode advir da experiência de seniores e de pontos além do dia-a-dia tecnológico;
- Educação e preparação – Educação é a chave. Ter as peças para resolver o puzzle não é suficiente, pelo que as pessoas devem ter a capacidade de compreender as peças e de as aplicar no seu ambiente;
- Participação corporativa – É necessária uma participação de todos os sectores interessados principalmente nas primeiras fazes dos projectos. Muitos são os casos onde somente de algum sucesso as empresas privadas e entidades estatais decidem participar. É importante investir, dedicar tempo em reuniões produtivas e envolver-se desde o início, e não somente aparecer no cocktail de apresentação;
- E, finalmente, os padrões, é necessário se ser exigente, não se acomodar talvez pensar na criação de uma agência independente e robusta avaliar e exigir constantemente melhorias das Startups, com a melhoria de serviços a aceitação do mercado e o envolvimento de Bancos e outras empresas com capital para investir.
Para concluir, existem muitos motivos para não acreditar no mercado Angolano, mas ainda sim existem aqueles que mesmo diante de crises económicas, ausência de financiamento externo ou interno, constantes rejeições inúmeros empecilhos acreditam neste mercado e nesta Angola, eu sou um deles e talvez não estou sozinho.