Os motoristas dos aplicativos de táxis vão paralisar os serviços no próximo dia 6 de outubro, em Luanda, para reivindicar reajuste de preços e melhoria das condições laborais, segundo informações da Associação dos Táxis Personalizados de Angola (Astpa).
Falando à Lusa, o secretário-geral da Astpa, Mandanje Francisco, informou que os motoristas das empresas Heetch, Yango, T’LEVA e UGO pretendiam realizar no dia 20 de setembro uma “passeata”, mas foi impedida pela polícia por falta de autorização do governo provincial de Luanda.
“Nós escrevemos ao governo provincial, mas não receberam a carta, alegaram que a data era muito próxima. Tentamos dar entrada na sexta-feira, mas recusaram-se a receber a carta”, referiu, adiantando que no dia 6 de outubro a paralisação vai decorrer das 06:00 às 18:00.
Apesar do impedimento, realçou o secretário-geral da Astpa, os motoristas estiveram concentrados maioritariamente em frente ao Cine Atlântico, alguns à porta da Heetch e outros nas instalações da Yango.
Mandanje Francisco disse que a associação, que existe desde 2017 e contabiliza cerca de 5.000 associados, tem registado inúmeras reclamações desta classe de motoristas, no que se refere aos preços, afetados pela inflação galopante, e sobre as exigências financeiras feitas pelas empresas, bem como do esforço físico exigido.
“A classe de táxis por aplicativo não foi abrangida pela subvenção do preço da gasolina, isso levou a aumentar muito mais as dificuldades”, disse o responsável, salientando que as queixas têm a ver também com o valor diário ou mensal que cada empresa exige aos taxistas.
MAIS: Aplicativos de mobilidade pedem mais atenção dos usuários dos serviços para evitar assaltos
O responsável disse ainda que há empresas que exigem o valor mensal de Kz 150,000 (€ 169,9) a Kz 180,000 (€ 203,9), que é possível atingir, contudo, causando um desgaste físico maior.
“Esses serviços surgiram para dar conforto, e ao exigir uma meta de Kz 150,000 (€ 169,9) semanal é desgastante, e coloca em risco o cliente, que procurou conforto e segurança em simultâneo, no serviço de táxi privado”, asseverou.
O secretário-geral da Astpa revelou que, de acordo com as estatísticas da associação, têm-se registado “muitos acidentes com viaturas identificadas com os logos das empresas de aplicações”.
“Semanalmente regista-se entre dois e três acidentes, principalmente nos finais de semana. Já houve finais de semana onde tivemos o registo de sete acidentes, num dos quais os dois passageiros perderam a vida”, disse Mandanje Francisco, considerando “abusivas” as políticas das empresas.
“A nossa ideia não é impor ou manchar [as empresas], porque essas empresas também têm um papel muito fundamental. Nós só queremos negociar com elas, uma delas é a Yango, que tivemos a oportunidade de escrever-lhes, receberam a carta, fomos chamados, negociamos, mas fomos colocados no esquecimento”, acrescentou.
A questão da segurança é também importante, salientou o responsável, admitindo que os relatos sobre assaltos e mortes são um facto, apelando às empresas que, antes de admitirem os motoristas, consultem a associação.