Treze por cento das crianças que utilizam internet foram vítimas de abuso e exploração sexual, entre 2017 e 2020 em Moçambique.
Trata-se de menores aliciadas ao enviar fotografias ou vídeos das suas partes íntimas, em trocas de presentes, sobretudo dinheiro, em muitos casos dentro das suas casas, por desconhecidos ou até mesmo por pessoas próximas.
Algumas crianças chegam a ser chantageadas psicologicamente pelos violadores para partilhar o conteúdo, que posteriormente era utilizado para a promoção da prostituição infantil. Os dados constam do I Relatório do Estudo Sobre Exploração e Abuso Sexual de Crianças On-line, em Moçambique, que envolveu 999 menores, lançado recentemente pelo Governo em parceria com a Rede da Criança.
A diretora-executiva da Rede da Criança, Amélia Fernanda, revelou que a idade da maioria das vítimas varia entre 16 e 17 anos.
“O estudo revela que apesar da progressão e importância das tecnologias de informação e comunicação, no dia-a-dia, elas colocam em risco, determinadas classes, sobretudo os menores”, alertou.
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Referiu que entre vários aspectos, o relatório recomenda a adoção de leis que mitiguem o impacto do abuso on-line, daí haver necessidade de um trabalho coordenado entre a entidade provedora do serviço de tecnologia, governo, sociedade civil e acima de tudo dos próprios pais e/ou encarregados de educação que vivem com as crianças e não percebem a violação.
Por sua vez, a diretora nacional da Criança, no Ministério do Género, Criança e Ação Social, Angélica Magaia, referiu que os resultados do estudo alertam para a necessidade de tomada de medidas céleres para controlar o uso da internet, assim como informar os menores sobre os perigos associados.
“A pesquisa revelou que algumas crianças foram aliciadas a expor as suas partes íntimas por pessoas conhecidas. É importante que os pais controlem o tempo que os filhos gastam na internet, o conteúdo das conversas e os sites visitados”, aconselhou.
Magaia disse que o Governo tem trabalhado na massificação da informação sobre a proteção e promoção dos direitos da criança, os diálogos comunitários, conversas com os menores nas escolas sobre o abuso via on-line, formação dos técnicos que assistem às vítimas, a fim de combaterem a violência de forma geral.
Segundo os números, em Moçambique estima-se que 56 por cento das crianças dos 12 aos 17 anos utilizam a internet e estão inscritas em alguma rede social, mas algumas não sabem do perigo que correm no uso das plataformas sociais, daí que acabam caindo na conversa dos violadores sexuais.