As empresas e instituições de Moçambique foram incentivadas a investir mais na cibersegurança para reduzir o impacto dos crimes cibernéticos, nos seus negócios, bem como a vulnerabilidade a que os cidadão estão sujeitos com o crescente acesso aos serviços das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Esse estimulo veio de Sérgio Martins, Associate Partner da área de Technology Consulting na empresa Ernest & Young, visto que nos últimos anos tem havido um crescimento considerável de ataques perpetrados por vários grupos de hackers à escala global.
“A nível do enquadramento do mercado moçambicano temos que ver isto como um novo normal. Isso está acontecer não somente em Moçambique, como também em Portugal, Estados Unidos da Ámerica e em todo o mundo“, disse o especialista.
Ainda na sua abordagem, Sérgio Martins frisou que há cada vez mais ataques, pelo que é importante que as empresas, pessoas e instituições públicas em Moçambique invistam mais, de forma a recuperar o tempo perdido na maturidade de segurança dos seus dados.
De informar que, para fazer face às ameaças e aos efeitos negativos dos crimes cibernéticos, o Governo Moçambicano adoptou um grande leque de instrumentos para a protecção das empresas e dos cidadãos contra crimes com recurso às TIC. Um dos instrumentos adoptados está no novo Código Penal do país, Lie 3/2017, sobre as Transações Electrónicas, que tem como objectivo proteger os consumidores e regular o uso de sistemas electrónicos no Governo, bem como no sector privado e na sociedade civil.
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Segundo ainda Sérgio Martins, essa adição no Código Penal é um grande passo do Governo Moçambicano, visto que tem como papel fundamental a criação de regras para toda a socieadde evoluir nesta temática da cibersegurança, e não só na sensibilização das empresas e das pessoas.
“Actualmente os ataques cibernéticos são deitos em países e jurisdições onde é muito fácil ficar impune. Tivemos ataques massivos que vieram da Coreia do Norte, e existem alguns hackers sediados na Rússia, por exemplo. Assim, apesar da investigação às vezes conseguir identificar o alvo de um determinado ataque, depois não se consegue ir atrás deles porque não existem acordos com esses países “, frisou o consultor.
Acrescentou também que a questão da cibersegurança tem uma componente geopolítico relevante, visto que “podemos aplicar a lei a nível nacional, mas temos que estar conscientes de que a Internet não tem fronteiras”.
“Os crimes vêm de todo o mundo e é muito dificíl contê-los, sobretudo quando falamos de jurisdições em que não há acordos, pois não é fácil garantir que os atacantes sejam detidos”, terminou.