A poucos meses das eleições de junho, o responsável máximo pela cibersegurança do Parlamento Europeu vai deixar o seu cargo antecipadamente, perante as críticas de que a assembleia está a ter dificuldades em lidar com as crescentes ameaças cibernéticas.
Pascal Paridans, responsável máximo pela segurança das TICs, deverá abandonar o cargo até à votação na UE, após uma decisão do Presidente e dos Vice-Presidentes do Parlamento Europeu. Paridans é o mais alto funcionário da instituição responsável pelas políticas de cibersegurança.
Em dezembro, o jornal POLITICO noticiou que uma análise interna revelou que a cibersegurança do Parlamento Europeu “ainda não cumpre os padrões da indústria” e “não está totalmente em linha com o nível de ameaça” colocado por hackers patrocinados pelo Estado e outros grupos de ameaça.
A falta de segurança dos sistemas informáticos deixa a instituição e os seus funcionários eleitos expostos a ciberataques, violações de dados, ingerência e sabotagem por parte de grupos de hackers que procuram perturbar a política da UE.
Paridans disse ao POLITICO que a decisão do Parlamento de encurtar o seu mandato surgiu “como uma reflexão” entre ele e o Secretário-Geral Alessandro Chiocchetti.
“A Mesa tomou a decisão”, disse Paridans. “Não fiquei surpreendido”.
Duas pessoas com conhecimento da decisão disseram que os funcionários públicos de topo da instituição estavam preocupados com o fraco historial de Paridans na proteção do Parlamento contra piratas informáticos e violações de dados.
“O cenário cibernético mudou radicalmente, por isso a nossa abordagem também tem de mudar”, disse um membro do pessoal do Parlamento Europeu, que concedeu o anonimato devido à sensibilidade do tema.
A decisão do Parlamento Europeu coloca uma pressão considerável sobre a instituição para encontrar um substituto para liderar os seus serviços de cibersegurança, numa altura em que as ameaças aumentam antes da votação de junho.
Com as próximas eleições em países democráticos importantes, como os Estados Unidos, o Reino Unido, a Índia e toda a União Europeia, os funcionários estão em alerta máximo para que inimigos geopolíticos como a Rússia e a China tentem fazer pender os votos a seu favor através de desinformação e ciberataques.
O número de ciberataques às instituições da UE “está a aumentar acentuadamente”, segundo o relatório interno divulgado pelo POLITICO. A UE deve preparar-se “para enfrentar ameaças semelhantes” às que os políticos, os parlamentos e os governos de toda a Europa tem enfrentado nos últimos anos, afirmou o relatório.
A porta-voz adjunta do Parlamento Europeu, Delphine Colard, disse que a instituição não comenta questões relacionadas com o pessoal.