O futuro das telecomunicações em Angola passa, essencialmente, pelo investimento em tecnologias digitais e incentivos ao sector privado para uma aposta contínua em infraestruturas tecnológicas, bem como um melhor aproveitamento das infraestruturas existentes, através da partilha, bem como numa aposta nos recursos humanos, revelou Joaquim Muhongo, PCA do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM).
O gestor que falava durante o VII Fórum Telecom do Jornal Expansão, que decorreu sob o lema “O futuro das telecomunicações em Angola – as indústrias, os serviços e as empresas”, frisou que a história das telecomunicações sempre teve o domínio do Estado como o protagonista, de forma directa ou indireta. Actualmente, a realidade tem dado mais espaço para a incorporação do sector privado para alargar a expansão da cobertura das comunicações electrónicas.
Por outro lado, a nova era tecnológica e a disponibilidade de recursos financeiros requerem uma actuação mais activa do sector privado, que pode desempenhar um papel significativo na ampliação dos serviços e na criação de novos produtos. Contudo, exige que o governo estabeleça um ambiente, onde pequenos empreendedores, nomeadamente startups do sector da TICs possam intervir e, principalmente, se sintam atraídos a desenvolver o sector.
Para o responsável do organismo regulador das comunicações eletrónicas no País é necessário criar sinergias entre o Estado e o sector privado, no sentido se tirar vantagens e aproveitar da melhor forma os investimentos feitos pelo Estado e pelos privados nos últimos anos, que apesar de dar um salto, ainda assim apresentam sérios problemas de estabilidade e qualidade dos serviços fornecidos aos utilizadores.
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Em termos práticos, Joaquim Muhongo reconhece que é necessário fazer-se mais, criando ambientes que atraiam o investimento de privados no sector, tal como “a criação de incentivos fiscais aos diferentes actores deste ecossistema”.
“Nos últimos 4 anos, o sector desenvolveu um conjunto de acções e investimentos aos diferentes níveis, registando ganhos importantes que têm permitido ao sector alcançar, em grande medida, as metas de desenvolvimento estabelecidas no Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027”, referiu.
De acordo com o governante, a visão estratégica para as telecomunicações está fundamentalmente direccionada para dar continuidade ao desenvolvimento das infraestruturas de telecomunicações e de tecnologias de informação, que são “fundamentais para estimular e assegurar o apoio ao processo de diversificação da economia e de aceleração para a transformação económica, bem como o aumento da cobertura em todo o território nacional”.
Em Países com baixa taxa de desenvolvimento económico, a aposta nas novas tecnologias pode ser impulsionador de um maior crescimento, já que aumenta a eficácia e optimiza os processos de produção e fornecimento de serviços com maior qualidade. Daí que é importante realçar que as TICs podem “desempenhar um papel chave na modernização de uma economia, como a de Angola, contribuindo directa e indirectamente para o crescimento económico, atendendo ao seu papel como motor da digitalização da sociedade”, segundo Joaquim Muhongo.
“Com as acções em curso, o impacto transversal do sector será sentido, quer em serviços administrativos públicos, nos sectores da saúde, agricultura, indústria e ao empresariado nacional, proporcionando assim o surgimento de uma economia mais dinâmica, o que vai permitir que as oportunidades de empreendedorismo e de inovação de serviços se multipliquem”, explicou o responsável do órgão regulador.