O líder do partido nacionalista e vice-primeiro-ministro da Polónia admitiu hoje que o seu país comprou o ‘software’ de espionagem israelita Pegasus, e onde acrescentou que não utilizou o aplicativo contra a oposição política, revela o Republic World.
Nas últimas semanas as acusações sobre a utilização do Pegasus abalaram a Polónia, o que a midia diz ser um escândalo comparado com a investigação ‘Watergate’, que levou à demissão do presidente norte-americano Richard Nixon, em 1974.
De informar que o aplicativo Pegasus foi descoberto por um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais, onde denunciaram que jornalistas, activistas e dissidentes políticos em todo o mundo foram espiados através desse software desenvolvido por uma empresa israelita, nomedamente a NSO Group.
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A investigação com codinome de “Projecto Pegasus” e vários jornais mundiais, como o francês “Le Monde”, o britânico “The Guardian” e o norte-americano “The Washington Post“, baseiou-se numa lista obtida pelas organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que inclui 50 mil números de telefone selecionados pelos clientes da empresa NSO Group desde 2016 para potencial vigilância.
Uma vez instalado num telemóvel, o Pegasus pode aceder às mensagens e dados do utilizador, mas também ativar o dispositivo remotamente para capturar som ou imagem.
“Seria mau se os serviços polacos não tivessem este tipo de ferramenta“, disse Jaroslaw Kaczynski, presidente do partido Lei e Justiça (PiS) e também vice-primeiro-ministro, ao semanário polaco Sieci.
Questionado sobre as acusações de que o governo tinha utilizado o programa para espiar a oposição, Kaczynski disse que o mesmo era “utilizado pelos serviços contra a criminalidade e a corrupção em muitos países”.
Na entrevista, a ser publicada na íntegra na próxima segunda-feira, o líder salientou que quaisquer utilizações de tais métodos estavam “sempre sob o controlo de um tribunal e do Ministério Público“, rejeitando também as acusações da oposição, qualificando-as como “muito barulho por nada“.
De referir ainda que várias organizações de direitos humanos enviaram uma carta a União Europeia, pedindo que a mesma deve aplicar sanções contra a NSO Group.
Essa ideia de pensamento, defendida por 86 ONG’s, foi mostrada no final em uma carta enviada a responsáveis da diplomacia na UE.