O Governo Angolano deve criar incentivos para que empresas das telecomunicações possam realmente sentir-se mais motivadas em investir no país, principalmente nas zonas mais remotas, segundo o Director-Geral da Paratus Angola, Francisco Pinto Leite.
O gestor que falava em uma entrevista ao jornal Mercado, disse que uma boa forma de diversificar o sector das telecomunicações é descentralizar os investimentos com vários estimulos por parte do Executivo actual, dando mais destaque nas províncias que do ponto de vista de retorno de investimento não sejam zonas apetecíveis.
Ainda na sua abordagem, Francisco Pinto Leite frisou que um outro desafio passa por “uma melhor distribuição e utilização do fundo de desenvolvimento das comunicações, que existe formalmente, mas que na verdade não vemos grande retorno para os operadores deste fundo“, reiterando que “ponto de vista da regulação, pode ser um incentivo sobre as próprias taxas e licenças que os operadores pagam para o regulador (INACOM)“.
Para o Director-Geral da Paratus, ex-ITA, a necessidade urgente de olhar para Angola “no sentido de motivar principalmente o sector privado em investir mais em zonas onde, eventualmente, numa primeira fase são zonas de baixo retorno de investimento“.
O estado actual do capital humano na área das telecomunicações e tecnologias foi um outro assunto abordado na entrevista, onde Francisco Pinto Leite sublinha que “muitos sectores temos que recorrer a mão-de-obra estrangeira porque ainda não temos quadros com experiência e qualificação suficiente para desenvolver, instalar e depois fazer operações de algumas redes“.
“Portanto, o nosso próprio sistema de ensino no geral, voltado para as tecnologias, no meu ponto de vista, terá que ser repensado e refeito, no sentido de ter um foco mais directo nas necessidades da empregabilidade no sector das tecnologias no País“, salientou.
Destacar também que o Director-Geral finalizou a sua abordagem com os desafios actuais do sector em Angola, reiterando que indepedentemente de continuarmos com muitos desafios, podemos dizer “que já demos passos interessantes no ramo das TICs, principalmente no período pós-guerra, de 2002 para a frente, e temos vindo a dar passos cada vez mais assertivos“.
“Cometemos alguns erros de percurso, principalmente no que diz respeito a investimentos, mas o facto é que hoje estamos bastante independentes em termos de base de telecomunicações e tecnologias de informação que actualmente temos no País. Basta pensarmos no que foi feito durante a pandemia, conseguimos, apesar de tudo, manter operacional alguns serviços de forma remota, bem como no sector de finanças e da banca, com uma série de pagamentos que hoje são feitos utilizando a tecnologia.“, finalizou.
De informar que em Julho último a empresa de telecomunicações ITA – Internet Technologies Angola anunciou a conclusão do processo de alinhamento e uniformização da marca com a do Grupo Paratus e está a operar no país sob a marca “Paratus Angola”.
Segundo uma nota da empresa, essa decisão na mudança do nome consolida a posição de Angola dentro do Grupo Paratus, bem como ratifica a estratégia de criação de um Hub de dados no país e potencializa a oferta de serviços de telecomunicações eficientes e fiáveis, com o objectivo de transformar o cenário digital do continente.
Actualmente a Paratus liga mais de 35 países africanos por meio da rede de fibra óptica, micro-ondas e satélite, e onde essa unificação estabelece o próximo passo na expansão da presença do grupo no continente, permitindo que mais instituições, públicas e privadas, se beneficiem de uma rede e serviços de telecomunicações de qualidade em África.