O Governo Angolano tem um papel crucial no aumento da transformação digital no país, onde deve ajudar a criar consciência, pelo aumento do nível de literacia digital, que deve ser incutida desde a infância.
Essa ideia veio do CEO da ETIC, Filipe Baptista, falando no painel “FILDA Talks” na 38ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA), a maior montra de negócios do país, que trouxe como tema as medidas que podem ser adotadas pelo sector público e privado para impulsionar a economia e a transformação digital.
Para o gestor, as empresas privadas têm um importante papel a desempenhar, pois, são os principais fomentadores desta transformação.
“Quando cheguei em Angola há cerca de 15 anos, a conectividade era precária. Mas, hoje, temos redes móveis rápidas, fibras por muitos sítios e isso fez com que Angola ficasse mais conectada. Quem fez isso (?), maioritariamente, foram as empresas privadas,” disse.
Filipe Baptista frisa que hoje em dia existem muitas entidades que acreditam estarem modernizadas pelo facto de transformar um formulário em papel no formulário de word, onde grandes instituições ainda vivem como na década de 90. A única diferença, conta, é que ao invés de fazer papel por escrito fazem no ficheiro PDF. E, isto não é transformação digital na sua perspetiva.
Por isso, na opinião do CEO, quanto mais o Estado fomentar ações de digitalização e incentivar a busca por assuntos tecnológicos e, quanto mais consciência tivermos das coisas que podem ser melhoradas, mais soluções teremos e “não vamos nos iludir. É um grande desafio”.
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Já Augusto Firmino, CEO da Sócia, que esteve presente também no debate, frisa que é responsabilidade das empresas privadas impulsionar a transformação digital.
O engenheiro informático defende que não se pode somente esperar que o Estado crie medidas de incentivo para o negócio digital e acelerar a transformação digital, mas que todos na responsabilidade social devem garantir que sejam desenhados programas para combater a iliteracia digital, nas comunidades onde estejam inseridos.
“Temos que conseguir fazer essa mudança rápida de uma sociedade que coloca tudo para o Estado fazer, a uma sociedade que comece a fazer de modo que o Estado apoie”, reiterou.
Augusto Firmino fez ainda uma análise sobre o processo de acessibilidade tecnológica, tendo explicado que o processo da transformação digital passa por entender várias camadas da acessibilidade tecnológica, pois o país não funciona a uma velocidade que permite que se tenha o mesmo nível de acessibilidade em todo o país.
“Qual é o nível de acessibilidade tecnológica que temos no país? O nível de acessibilidade de Luanda não é o mesmo da Huíla e não é o mesmo de outra província, por exemplo. Então, se calhar, o nosso processo de transformação digital será um cocktail de várias tecnologias aplicadas para garantir que os negócios cheguem em vários pontos. Ou seja, se aqui em Luanda o negócio chega pela Internet, poderá chegar a outra província através de chamadas telefónicas”, disse.