As autoridades norte-americanas detiveram um homem suspeito de se dedicar durante quase uma década a ciberataques, que geraram lucros de 99 milhões de dólares (91,6 milhões de euros) e permitiram a ‘hackers’ realizar ataques que causaram prejuízos de milhares de milhões.
Este homem, de nacionalidade chinesa, é suspeito de gerir uma grande ‘botnet’ – conjunto de programas ligados à Internet que comunicam com outros programas similares, a fim de executar tarefas – o que permitiu gerar milhões em lucros através da revenda a criminosos que utilizaram este esquema para o roubo de identidades, exploração de crianças ou fraude financeira.
O Departamento de Justiça dos EUA citou o diretor da polícia federal norte-americana (FBI), Christopher Wray, referindo que a ‘botnet’ “911 S5” – uma rede de computadores infetados por ‘malware’ em quase 200 países – era provavelmente a maior do mundo.
A Justiça norte-americana sublinhou, em comunicado divulgado na quarta-feira, que Yunhe Wang, de 35 anos, foi detido em 24 de maio.
Os cibercriminosos utilizaram esta rede de computadores para roubar “milhares de milhões de dólares de instituições financeiras, emissoras de cartões de crédito e programas de empréstimos federais desde 2014”, de acordo com uma acusação apresentada no distrito leste do Texas.
O gestor desta ‘botnet’ vendeu o acesso aos 19 milhões de computadores Windows que ‘infetou’ a criminosos que “utilizaram esse acesso para cometer uma série impressionante de crimes que vitimaram crianças, ameaçaram a segurança das pessoas e fraudaram instituições financeiras e programas de empréstimos federais”, destacou o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland.
Os ‘hackers’ que compraram acesso à rede de Wang foram responsáveis por mais de 5.900 milhões de dólares (5.500 milhões de euros) em perdas estimadas devido a fraudes.
As autoridades norte-americanas estimaram ainda que 560.000 pedidos fraudulentos de subsídio de desemprego tiveram origem em computadores comprometidos.
Wang geria alegadamente a ‘botnet’ através de 150 servidores dedicados, metade destes alugados de provedores de serviços ‘online’ baseados nos EUA.
A acusação refere também que Wang utilizou os seus ganhos ilícitos para comprar 21 propriedades nos Estados Unidos, China, Singapura, Tailândia, Emirados Árabes Unidos e São Cristóvão e Nevis, país onde obteve cidadania através de investimento.
A Justiça norte-americana agradeceu, no comunicado, à polícia e outras autoridades de Singapura e da Tailândia pelo seu apoio na operação.