Várias empresas do sector das telecomunicações no país frisaram que o facto de o Angosat-2 estar em órbita não significa propriamente que haverá uma redução das comunicações em Angola e ainda aconselham que a sociedade civil não crie falsas expectativas sobre o satélite geostacionário.
Os gestores que falavam na V Edição do Fórum Telecom, do Jornal Expansão, desvalorizaram os efeitos imediatos nos preços da telecomunicações com o lançamento do satélite angolano, visto que os problemas são estruturais e ainda há muito caminho para percorrer.
Segundo Gonçalo Guedes, representante da Africell, disse que não acredita que os precos venham a baixar e acrescenta, tudo dependerá da fatia da capacidade do satélite que o Estado vai disponibilizar aos operadores e dos preços que vai pedir pela sua utilização. Na sua abordagem duvidou ainda que com a entrada do Angosat-2 venha haver mudanças expressivas na questão dos preços das telecomunicações em Angola, porque a falta de informação e a inexistência de contratos firmados com os operadores, não está a animar o mercado. Para ele este secretismo coloca o projecto mais distante dos operadores e dos angolanos.
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Já Gauco Ferreira, da DSTV- -Multichoice Angola, reconheceu o grande potencial do satélite angolano para as empresas de televisão por satélite existentes em Angola, ressaltando que Angola tem os preços mais baixos de TV, se comparado, por exemplo, com Moçambique.
O mesmo está convencido de que o grande impacto do satélite dependerá dos preços dos serviços que a entidade gestora vai oferecer e quais as subvenções governamentais.
Quem também esteve presente no evento tecnológico foi a SISTEC, onde o seu CEO, Carlos de Melo, alertou para que os angolanos baixem as expectativas para que haja resultados positivos, “porque não sabemos a estratégia da comercialização dos serviços e nem em que plataformas isto vai ser feito“, disse, acrescentando que “não haverá um impacto directo nos preços“.
O representante questionou também quem vai pagar os custos com o Angosat-2, por ser um equipamento muito caro. Questiona, por outro lado, se o Governo vai subvencionar os serviços e se será o consumidor final o sacrificado. Entre tantas incertezas, ainda é preciso legislar e regulamentar o mercado das comunicações com a entrada em funcionamento do do satélite.
Francisco Pinto Leite, director da PARATUS, explica que é preciso olhar para a viabilidade do negócio, como privados. Entretanto acredita que haverá alguma mudança, mas esta será muito residual. Justifica a sua posição com a afirmação de que a expansão da cobertura das telecomunicações continuará a ser em fibra óptica e em microondas.