[Dica de Gamer] Pirataria: O bom, o mau e o feio (Parte 1: O Feio)

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Já perdi a conta as vezes que tentei escrever este artigo. É sem duvida dos mais controversos e complicados que alguma vez tive que escrever,  mas a pirataria é algo tão presente no mundo do gaming, especialmente em Angola, que não podia deixar este assunto por abordar aqui no Menos Fios.

PIRACY

Okay aqui vamos … Pirataria : O bom, o mau e o feio.

Usando o titulo do classico de Clint Eastwood consegue-se descrever 3 dos aspectos principais do que é a pirataria nos vídeo-jogos. No entanto por mais que eu tenha tentado, não consegui falar de forma superficial de cada um dos aspectos e fazer-lhes justiça, pelo que não tive opção senão dividir este artigo em 3 partes. Bem para não perder mais tempo começo já pela primeira parte, neste caso o ultimo aspecto: o feio.

Pirataria (Parte 1): O Feio

Pirataria é ilegal e moralmente errada, ponto final. É fácil nos esquecermos disso quando é tão fácil apanhar as copias piratas de quase qualquer jogo hoje em dia, principalmente quando a possibilidade de sermos apanhados é praticamente nula. Eu diria até que é mais fácil um avião cair do que um gamer ser apanhado a baixar um jogo pirata, ou como é bastante comum no nosso pais, a ir a casa de um amigo apanhar o jogo num disco externo. Percebo também que fique complicado vermos o acto de baixarmos uma copia ilegal como um roubo. Afinal de contas, não fomos nós que adulteramos o trabalho dos outros. Dizemos para nós mesmo que ao baixarmos essa copia não estamos a roubar, da mesma forma que por exemplo se rouba um carro ou um telemóvel, ao fazermos o download não estamos a retirar nada de ninguém e por termos baixado uma copia não estamos a impedir que se venda uma copia do jogo, estamos apenas a não pagar pela nossa.

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Esquecemos do imenso trabalho de uma imensa equipa que precisou de imenso estudos e treino para poder passar imensas horas a trabalhar no jogo. Este trabalho de muitas vezes anos é muitas vezes feito em péssimas condições, a base de um salário ridículo e muitas vezes de pelo menos 12 horas por dia. Todos os dias, sem folgas. Recentemente tive o desagrado em ler sobre as condições de trabalho de programadores de jogos em grandes empresas em Inglaterra , e devo dizer que se parece muito com escravatura moderna, recomendo a quem se interesse pelo assunto a fazer uma pequena pesquisa pelo Google.

Nos últimos dias tenho estado a jogar o fantástico The Witcher 3 e tenho estado espantado pelo nível de detalhe num mapa tão extenso. Lembro-me de numa missão uma cabra ter vindo detrás para a frente do meu personagem e eu ter reparado num pequeno detalhe na cabra: por debaixo da pequena cauda a cabra tinha um anus. Isso não seria nada de espantoso se não fosse o facto de não se tratar de apenas um ponto negro mas um anus de cabra devidamente desenhado, com rugosidades e tudo. Eu não pude deixar de pensar no programador que passou umas horas a pensar: “como é que eu irei fazer o cú de uma cabra parecer mais realista?“. E passou mais umas horas a criar essa parte traseira da cabra. Essas horas todas apenas para tornar mais autentica uma pequena parte de um animal pequeno numa pequena parte de um mapa massivo que a maioria dos jogadores nem vão prestar tanta atenção. Isto fez me pensar em quantas horas de quantas pessoas foram dedicadas a quantos outros pequenos detalhes multiplicados não sei quantas vezes ao longo de um dos maiores mapas na historia dos vídeo jogos. Não sei quantos milhares de jogadores decidiram simplesmente sacar uma copia ilegal da internet, mas é bem possível que seja um número inferior ao número de horas dedicadas a criação deste jogo.

Esquecemos também de que os criadores de jogos são acima de tudo artistas, e por um lado se pode argumentar que então o que eles querem é que a sua arte seja consumida e apreciada, por lado temos uma ideia de quanto vale as grandes obras de arte de outras áreas artísticas como a pintura. Ao recusamos pagar 6 ou 7 mil kwanzas (60 dólares) apenas por uma grande obra de arte, estamos a reduzir a própria arte que nos dá tanto prazer a algo que nada vale e ao retiramos o pão da boca do artista criador da arte que consumimos. Assim negamos o crescimento desta forma de arte e garantimos que exista cada vez menos jogos bons para nós apreciamos.

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Comecei pelo fim (o Feio) exactamente para deixar claro que apesar de tudo o resto que se possa dizer sobre o que é a pirataria, apesar de ser algo tão presente no gaming que não dá para ignorar, trata-se de uma actividade ilegal e moralmente errada. Pode-se tentar justificar de uma ou outra forma mas no final do dia temos que nos lembrar desse “detalhe”. Nos próximos dias iremos irá publicar a segunda e a terceira parte deste artigo onde abordamos os próximos dois aspectos da pirataria, o bom e o mau.

Fiquem atentos!

1 COMENTÁRIO

  1. Grande artigo !!! Pode ser antigo mas adorei ! Estava aqui a fazer uma pesquisa sobre o assunto para um trabalho na universidade. Acabei por encontrar um ponto de vista que reflecte muito o que penso e que pouca pessoa fala .

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