O bilionário Elon Musk, que se comprometeu a eliminar do Twitter os “bots de spam”, tem agora argumentado, através desta rede social, que estas contas automatizadas podem existir num número superior ao esperado, inviabilizando o acordo de compra.
A recente reviravolta do homem mais rico do mundo sobre a compra da rede social tem sido controversa e, segundo alguns analistas, sem sentido, à exceção de ser uma tentativa para diminuir o valor do Twitter ou para renegociar o acordo que, segundo os especialistas, está a ficar cada vez mais caro para o CEO da Tesla.
O fundador da Tesla levou recentemente os investidores ao limite ao anunciar que suspendia temporariamente a compra da plataforma – que tinha anunciado por quase 44.000 milhões de dólares -, para pouco depois retificar esta informação e indicar que continuava comprometido com a sua aquisição.
“Esta é a estratégia que está a tentar usar como a forma de se afastar [do negócio] ou de alcançar um preço mais baixo“, analisou Brian Quinn, professor associado de direito da Boston College.
Musk utilizou o Twitter, esta terça-feira, para referir que o acordo alcançado para comprar a empresa não pode “avançar” a não ser que a rede social mostre provas públicas de que menos de 5% das contas desta plataforma são falsas ou de ‘spam’.
Especialistas referem que Muks não pode suspender unilateralmente o acordo, embora isso não tenha impedido o bilionário de agir como se pudesse.
Caso desista do acordo, pode ser condenado a pagar uma taxa de 1.000 milhões de dólares.
Na segunda-feira, Elon Musk respondeu diretamente, com sarcasmo, a mensagens do CEO do Twitter sobre contas falsas.
Parag Agrawal sublinhou, na sua mensagem, que a rede social suspende todos os dias mais de meio milhão de contas ‘spam’ “mesmo antes de que os utilizadores possam vê-las“.
“O desafio mais difícil é que muitas contas que parecem superficialmente falsas são na verdade pessoas reais. E algumas das contas falsas que são realmente as mais perigosas e causam mais danos aos nossos usuários podem parecer totalmente legítimas“, acrescentou.
Segundo Agrawal, é por isso que a equipa do Twitter não consegue identificar todos os perfis falsos.
“Medimos isso internamente. E a cada trimestre, estimamos que menos de 5% do número de utilizadores ativos diários monetizáveis ??(mDAU) do trimestre são contas de spam“, observou.
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No entanto, o CEO indicou que as “estimativas internas reais para os últimos quatro trimestres ficaram bem abaixo de 5%”.
Mas Elon Musk referiu, esta terça-feira, no seu ‘twitte’, a existência de “20% de contas falsas/spam”, ou seja, quatro vezes mais do que o Twitter afirma.
Musk alertou que o número podem ser muito maior e que a sua oferta de compra tinha sido baseada na precisão dos registos da rede social.
Para Brian Quinn, este tipo de linguagem do fundador da Tesla não faz sentido.
“As divulgações de que está a reclamar são as mesmas que a empresa registou na SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) durante um longo período“, referiu.
Elon Musk sugeriu esta segunda-feira, pela primeira vez, durante uma conferência de tecnologia em Miami, que gostaria de pagar menos pela compra do Twitter e que um acordo viável por um preço mais baixo não estava fora de hipótese.
Foi também no All In Summit, que Musk estimou que pelo menos 20% das 229 milhões de contas do Twitter são ‘bots’ de ‘spam’, referindo que a percentagem está no limite inferior da sua avaliação.