Como (e para quê) esconder o endereço IP

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Se mexe em computadores e Internet é inevitável que já tenha ouvido falar em endereços IP. Estas sequências numéricas (do género 192.168.1.15) servem como uma espécie de bilhete de identidade do utilizador no mundo online, já que, de cada vez que faz algo na Internet, o seu endereço IP indica aos servidores para onde devem enviar a informação que solicitou.

O problema é que muitos sites registam este endereço para efetuar uma espécie de espionagem, já que vão recolhendo informações sobre o utilizador para conseguir fornecer publicidade mais direcionada (como veremos melhor mais à frente), pelo que é compreensível que tenha vontade de restringir este acesso. Mas vamos por partes.

Todos os dispositivos ligados a uma rede– computadores, tablets, smartphones, câmaras, etc. – necessitam de um identificador único para que os outros equipamentos saibam como chegar até eles. No mundo online, esse identificador é o endereço IP (sigla inglesa de protocolo de Internet).

Se, por exemplo, quiser saber o endereço do seu computador, abra uma linha de comandos (basta pesquisar na barra do Windows) e, na janela que abre, escreva ipconfig. Será então presenteado com uma série de dados, onde se incluem os endereços tanto para o protocolo IPv4, como para o mais recente IPv6.

  1. Estes números podem parecer um conceito algo abstrato, até porque raramente terá de lidar com eles diretamente (os dispositivos e redes tratam de tudo automaticamente nos ‘bastidores’), mas são capazes de fornecer mais informação sobre a localização física do equipamento do que julga. Além de indicarem qual é o fornecedor de serviços de Internet (também conhecida pela sigla inglesa ISP), conseguem dizer qual o país, concelho e localidade onde se encontra.
  2. Não chega à granularidade de identificar a sua casa, mas ainda assim são informações que os websites podem usar para vender sem a sua permissão expressa, já que são valiosas para os anunciantes.

As razões

É comum associar a ideia de esconder o IP a atos de pirataria. E há quem o faça de facto, não adianta escamotear essa realidade. Mas há igualmente muitas outras razões válidas para desejar esconder a sua identidade online. Para começar, para fazer com que seja mais difícil de rastrear. Como já aludimos, de cada vez que acede a um site, o servidor regista o seu endereço IP e associa-lhe informação: onde clica, quanto tempo esteve na página, hábitos de navegação, zona geográfica onde está…

Estes dados podem depois ser vendidos a empresas de publicidade que tentam direcionar anúncios para o seu perfil de utilizador. Esconder o IP também pode ser uma forma de contornar alguns bloqueios. Por exemplo, os serviços de streaming não disponibilizam o mesmo catálogo em todas as geografias, pelo que fazer com que o seu endereço seja de um país diferente pode dar acesso a uma biblioteca mais rica de um serviço que subscreva.

E, claro, serve para combater a vigilância governamental. A China, por exemplo, é conhecida pela censura que faz à Internet com a sua Grande Firewall (um jogo de palavras para comparar a Grande Muralha da China com os muros que se encontram online). Nesses casos, abdicar do IP verdadeiro pode permitir contornar restrições e aceder a sites bloqueados.

As soluções

Há várias formas de esconder o IP. Uma das principais é recorrer a um servidor proxy, que funciona como um servidor intermediário para o qual o tráfego é direcionado antes de chegar a si.

  1. Assim, os servidores da Internet apenas têm acesso ao endereço IP do proxy e não do utilizador. Contudo, é preciso ter muito cuidado, já que vários destes serviços são de qualidade duvidosa e alguns acabam por ser um veículo para infetar o computador de quem pretende aceder a um servidor proxy.
  2. Uma solução mais razoável é o recurso a uma VPN. Sigla inglesa de rede privada virtual, esta tecnologia é mais segura. Quando liga um dispositivo a uma VPN, ele passa a comportar-se como se estivesse fisicamente nessa rede local. Isto significa que o utilizador pode aceder a recursos mesmo que esteja fisicamente nos antípodas.
  3. Além disso, a ligação é encriptada, o que reforça as componentes de segurança e privacidade. A chave nestes casos é fazer com que o endereço IP assuma uma localidade diferente daquela onde o utilizador está fisicamente. Podemos partilhar a nossa experiência de recorrer à Proton VPN numa viagem de trabalho à China para conseguir aceder a sites que estavam bloqueados quando tentávamos aceder localmente através das redes nesse país.
  4. Escolhemos o país do servidor a que nos queríamos ligar entre os disponibilizados pela Proton e conseguimos contornar as restrições, embora a ligação perdesse, naturalmente, velocidade. Outra vantagem das VPNs é o facto de poderem ser aplicadas a praticamente todos os ambientes: Windows, Mac, Android e iOS. O principal obstáculo é o facto de a maior parte da oferta gratuita não ser de confiança, pelo que deverá ter de investir numa subscrição.
  5. Contudo, alguns serviços oferecem um período gratuito de experimentação ou uma versão mais básica grátis para quem não precisa de muitas funcionalidades. Se quiser duas referências, Proton VPN e ExpressVPN estão entre as mais populares. Outra opção para esconder o IP é o The Onion Router, mais conhecido por Tor.

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