Cibercrime como serviço: o negócio dos hackers

Segundo um relatório da Darktrace, publicado pela Cyber Magazine, 57% dos cibercrimes em 2025 já são realizados por meio de Malware como Serviço (MaaS), uma fatia que cresceu 17 pontos percentuais desde meados de 2024.

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A ideia do hacker solitário, que sozinho decifrava sistemas e encontrava qualquer tipo de informação que pretendia, está a tornar-se obsoleta. O novo protagonista do submundo digital opera de forma muito mais pragmática: como uma empresa. A tendência emergente do Crime como Serviço (CaaS) está a transformar o cibercrime num negócio escalável, acessível e surpreendentemente organizado.

Inspirado no modelo SaaS (Software as a Service), o CaaS oferece desde malware a pedido até pacotes completos de ransomware com suporte técnico, tudo acessível na deep e dark web, segundo relata o jornal espanhol El País. Há fóruns que funcionam como marketplaces, serviços de assinatura, suporte para personalização e até planos “premium” com funcionalidades extras.

“Você pode encontrar credenciais à venda, serviços de lavagem de dinheiro ou mesmo kits completos para ataques”, explica Constantinos Patsakis, investigador do Athena Research Center (Grécia), em entrevista à Cyber Magazine.

Esse novo ecossistema permite que qualquer pessoa, com ou sem conhecimento técnico, seja um “ladrão de dados”. “Eliminam a parte mais difícil do processo. É como comprar um software pronto e só aplicar”, reforça Marc Almeida, do projeto europeu CIRMA. O conceito de “clique e ataque” substitui a programação tradicional — e esse modelo está a ganhar escala.

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Segundo um relatório da Darktrace, publicado pela Cyber Magazine, 57% dos cibercrimes em 2025 já são realizados por meio de Malware como Serviço (MaaS), uma fatia que cresceu 17 pontos percentuais desde meados de 2024.

Frente a esse cenário, o projecto europeu SafeHorizon, coordenado por Patsakis e apoiado por órgãos públicos e privados em diversos países da UE, tem como objetivo mapear e compreender esse novo modelo criminoso. “Estamos a recolher dados, a fazer engenharia reversa e a entender como estes grupos operam”, explicou Patsakis.

Com o cibercrime a operar como qualquer outro serviço digital, incluindo até suporte via Telegram e Discord, o desafio agora é pensar como combater uma estrutura que se profissionaliza à mesma velocidade das startups legítimas.

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