Nos últimos tempos, a sociedade empresarial nacional tem registado ataques cibernéticos de grandes proporções, causando grandes perdas financeiras elevadas.
Em junho de 2019, a empresa afetada com um ataque cibernético foi a Sonangol, maior empresa nacional, onde ficou totalmente “paralisada” e “desorientada” durante dois dias, com os hackers a terem acesso informações privilegiadas. Segundo o que foi revelado pela imprensa, um dos principais motivos que permitiu que multinacional angolana fosse atacada foi pelo facto de estarem com o antivírus desatualizado a mais de um ano, visto que não pagavam a licença do mesmo, avaliado em 200 mil dólares.
Decorrido dois anos, a empresa angolana que fez manchete foi o Banco de Poupança e Crédito (BPC), onde através de um comunicado de imprensa informou à sociedade que a plataforma tecnológica de suporte às suas atividades tinha sofrido um ataque cibernético de origem e causas desconhecidas.
“O banco seguiu os protocolos de segurança previstos para proteger a integridade dos ativos financeiros dos seus clientes e deu início a uma rigorosa investigação sobre a ocorrência“, revelou a instituição financeira na nota oficial.
Segundo o que foi revelado, o ataque cibernético afetou certos servidores da empresa, onde ficou temporariamente limitada de alguns dos seus serviços prestados nas agências da rede comercial do banco. Para alternar esse ataque, os clientes foram obrigados a utilizar de forma regular os serviços do BPC, através da rede Multicaixa.
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No final do mesmo ano, isto é, propriamente em dezembro de 2021, a instituição afetada foi o Consulado-Geral de Angola em Lisboa, onde a sua base de dados ficou totalmente danificada devido a um ataque informático.
“Foi um ataque externo e organizado por hackers“, disse um funcionário do sector de informática do Consulado, embora que uma investigação do semanário angolano Novo Jornal mostrou haver fortes indícios de que foi uma ação interna, com o objetivo de apagar documentos e dados que comprometeriam a anterior gestão do consulado liderado durante cinco anos pelo embaixador Narciso do Espírito Júnior, visto que a atual cônsul-geral, Vicência de Brito. Mostrou interesse em rescindir contrato com a empresa prestadora de serviços informáticos.
Para vários especialistas do sector, o ataque informático foi uma clara e perfeita queima de arquivos, onde vários serviços essenciais do consulado ficaram afetados durante mais de um mês. Cédulas, assento de nascimento, procuração, processo de casamento, salvo-condutos, faturas e registos de pagamentos, comprovativos e outros registos contabilísticos foram alguns dos muitos documentos que foram completamente apagados do sistema da base de dados.
“Este ataque foi muito bem direcionado, foi propositado, porque a nova cônsul-geral quer rescindir o contrato com esta empresa de prestação de serviços de informática. Apagar tudo para não se deixar vestígios. A grande questão agora será como eles irão provar que foi um ataque externo e não uma destruição intencional de dados. E sem backups. Tudo isso leva a que várias investigações internas estejam de curso. Era importante obter-se um relatório final sobre esse ataque”, revelou uma fonte ao semanário nacional.
Mais recentemente a empresa angolana que sofreu um ataque informático de grandes proporções foi a NCR, que condicionou por vários dias as suas faturações e onde os hackers exigiram um resgate financeiro a empresa.
Para António Pinto, assessor da Direção-Geral da NCR Angola, disse que se tratou de um ataque do tipo ransomwere, por meio do qual os hackers acedem indevidamente aos dados da instituição, encriptando e bloqueando a informação encontrada, para posteriormente exigir uma contrapartida para o seu desbloqueio.
O vírus usado para bloquear o acesso à NCR aos dados da empresa terá sido criado em maio deste ano, onde o seu objetivo era o bloqueio do sistema operativo de máquinas, nomeadamente a infraestrutura de virtualização das máquinas.