Segundo um comunicado do regulador dos órgãos de comunicação estatais nomeado pelo Governo, Diego Martín Chaher, “apenas o Gestor de Meios Digitais e Institucionais” se encarregará de usar as redes da Televisão Pública e da Rádio Nacional, “no âmbito do processo de reorganização e reestruturação” dos meios de comunicação e para “uniformizar os critérios de distribuição” de informação.
A medida entrou em vigor e afetou o portal digital e as redes sociais da Televisión Pública, da Radio Nacional, dos canais de música FM Clásica, Rock e Folclórica e dos canais temáticos Encuentro (cultural) e Paka Paka (infantil).
“Todo o tipo de transmissão e/ou difusão de conteúdos nas redes sociais está suspenso até que se definam as mudanças de critérios”, acrescenta-se no comunicado.
A mensagem que aparece nos ‘sites’ da Internet referidos é idêntica à publicada em março passado na página digital da Télam, a agência de notícias estatal, que foi então encerrada pelo Governo porque, segundo afirmou, “foi utilizada nas últimas décadas como agência de propaganda kirchnerista”, referindo-se a Néstor Kirchner, Presidente da República argentino entre 2003 e 2007, a quem sucedeu no cargo a mulher, Cristina Kirchner, de 2007 a 2015.
O secretário do Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (SiPreBA), Agustín Lecchi, declarou à agência noticiosa espanhola Efe que, com esta medida, se aprofunda “o esvaziamento” dos meios de comunicação social públicos na Argentina, um processo iniciado com as medidas tomadas pelo executivo em relação à Télam.
“Não lhes interessa restruturar, não lhes interessa a situação financeira de cada um desses meios de comunicação, e alguns deles eram rentáveis e tinham uma boa situação económica. A única coisa que lhes interessa é destruir, estão a atacar o papel social [dos órgãos de comunicação] e é por isso que atacaram as delegações da Télam e as emissoras da Radio Nacional, e agora estão a atacar o seu alcance através das redes sociais”, sustentou.
Para Lecchi, trata-se de “mais uma escalada na destruição”, enquanto a “lei de bases”, o projeto emblemático do Governo argentino, se encontra nas comissões do Senado à espera de ser discutida em plenário, após a sua aprovação pela Câmara dos Deputados, e, se for aprovado, prevê a privatização dos meios de comunicação sociais públicos.
“De forma indireta, tem impacto em todos os trabalhadores, porque afeta a expressão nas redes sociais”, acrescentou o sindicalista, observando que a comunicação com as autoridades é “improdutiva e inútil” e informando de que o sindicato está a preparar ações judiciais contra estas decisões.