O presidente Javier Milei criou esta semana a Unidade de Inteligência Artificial Aplicada à Segurança, que, segundo a legislação, utilizará “algoritmos de aprendizagem automática para analisar dados históricos de crimes e prever crimes futuros”.
A unidade deverá também utilizar software de reconhecimento facial para identificar “pessoas procuradas”, patrulhar as redes sociais e analisar imagens de câmaras de segurança em tempo real para detetar actividades suspeitas.
Apesar de o Ministério da Segurança ter afirmado que a nova unidade ajudará a “detetar potenciais ameaças, identificar movimentos de grupos criminosos ou antecipar distúrbios”, a resolução do tipo “Minority Report” fez soar o alarme entre as organizações de direitos humanos.
A Amnistia Internacional alertou para o facto de esta medida poder violar os direitos humanos. “A vigilância em larga escala afecta a liberdade de expressão porque incentiva as pessoas a auto-censurarem-se ou a absterem-se de partilhar as suas ideias ou críticas se suspeitarem que tudo o que comentam, publicam ou divulgam está a ser monitorizado pelas forças de segurança”, afirmou Mariela Belski, directora executiva da Amnistia Internacional Argentina.
Por sua vez, o Centro Argentino de Estudos sobre Liberdade de Expressão e Acesso à Informação afirmou que estas tecnologias têm sido historicamente utilizadas para “traçar o perfil de académicos, jornalistas, políticos e activistas”, o que, sem supervisão, ameaça a privacidade.