A aquisição de um cartão digital no mercado angolano está a custar agora um valor de 45,4% e 71,4% acima da taxa de câmbio média do Banco Nacional de Angola (BNA), revelou uma reportagem do Jornal Expansão.
Segundo aquele periódico, para “criar” um desses cartões cobram entre Kz7,000 a Kz10,000, bem como um spread elevado pelas operações. Ou seja, a taxa de câmbio é até superior às que as kinguilas cobram. Só para se ter uma ideia, nas últimas semanas a taxa de câmbio praticada por estes “facilitadores” era de Kz1,200 por dólar e 1,500 por euro.
Em entrevista, Fábio de 24 anos e que adquire através das plataformas Swappie e Back Market, telemóveis e computadores provenientes dos Estados Unidos da América e Portugal para revender em Angola, disse que se viu obrigado a parar a atividade por diversos fatores, mas o principal foi a desvalorização cambial e o aumento do custo de vida.
“Atualmente poucas pessoas têm interesse ou até têm, mas não têm poder de compra suficiente para adquirir determinados produtos. Por exemplo, um telemóvel que revendia a cerca de Kz500,000, hoje custa cerca de Kz700,000“, onde para efetuar a compra, usava cartões internacionais como Visa, Mastercard e PayPal. Entretanto, com a forte desvalorização acabou por perder dinheiro com estes negócios.
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Também Maria, que comprava maioritariamente acessórios como relógio, pulseiras e brincos provenientes da China nas plataformas Shein e Alibaba, foi obrigada a suspender o negócio devido ao afundar do kwanza. Explicou ainda que os preços eram definidos de acordo com os custos de aquisição dos bens, e as vendas foram muito afetadas pelo que decidiu esperar pela estabilização da moeda nacional para prevenir perdas inesperadas. Para realizar as compras recorria a um amigo no estrangeiro que emitia cartões virtuais descartáveis (Mastercard), a quem pagava elevadas comissões.
Os cartões virtuais já são utilizados em 21% das transações online, revela vários estudos. E o emprego dessa forma de pagamento registou avanço expressivo no último trimestre de 2022. Cresceu 126% na quantidade de operações e 86% no valor transacionado, na comparação com o mesmo período de 2021.
Os cartões virtuais são mais utilizados pela geração Y (de 23 a 41 anos, com 51% das transações), seguida pelos integrantes da geração X (de 42 a 57 anos, com 27%). Os zennials (12 a 22 anos) ficam 14% do total e os babyboomers (acima de 58 anos) com 9%.
O cartão virtual, como indica o nome, é usado em compras pela internet. Ele possui uma sequência de números, um código verificador e senha. Evita, na prática, que o consumidor tenha de fornecer os dados do cartão físico no momento da transação.