A falta de literacia e informação financeira, assim como a falta de um fundo de investimento direcionado ao segmento do empreendedorismo digital, são alguns dos principais problemas no ecossistema de startups em Angola, segundo vários especialistas que estiveram presentes na edição de 2024 do Angola Startup Summit.
Segundo Augusto Firmino, da startup Sócia, falando ao Expansão, “a aversão ao risco é ainda um problema grave que impede as startups de se financiarem“.
“Se não mudarmos o modelo tradicional de investimento, sendo muito focado em comprar títulos de dívida pública, sendo investimentos mais seguros e de retorno garantido, vai ser muito difícil o ecossistema das startups ser preponderante na economia do País“. Disse o Founder.
Para o fundador, é fundamental mudar essa abordagem, pois desta forma não estaremos a ajudar o Estado. “Com os investimentos nessas empresas aumentamos a base de tributação do Estado. Temos de apostar na nova economia e nos novos modelos de negócios. É um pressuposto até para a sustentabilidade do Estado que temos”, frisou.
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De modo geral, as startups em estágio inicial conseguem auto financiar-se por se tratar de um investimento muito baixo. Entretanto, numa fase mais avançada, também designada por idealização na linguagem do ecossistema, a injeção de capital externo é primordial para lhe dar escalabilidade.
“Estamos num momento de formação neste tipo de empreendedorismo em Angola. Hoje já há uma grande preocupação com metas, analisam-se mais os números, assim com há uma busca pela qualidade, isso é fruto da maturidade dos empreendedores”.
Já Paulo Renato, gerente de inovação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), disse ao Expansão que a solução para Angola pode ser a que o Brasil optou, que passou por criar mais de 40 fundos de investimento direcionados para startups.
“O nosso ecossistema de startups tem 15 anos, hoje temos mais de 20 mil startups consolidadas, entre elas 22 já são unicórnios [startups com valor de mercado acima de mil milhões USD]“, disse o gestor.
Segundo Paulo Renato, o Estado tomou a iniciativa de criar os fundos e depois entregou a privados, com equipas de suporte que acompanham e estudam milimetricamente o segmento do empreendedorismo digital do país para uma melhor abordagem.