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Angola entre os países alvos do maior grupo de ransomware do mundo

Angola está na lista de cerca de 80 países onde empresas e outras entidades foram alvo de ataques de ransomware com a assinatura do grupo LockBit. O grupo foi desmantelado esta semana, mas é possível que isso não seja um fim, mas o mote para um rebranding.

O relatório é da empresa de segurança Check Point Software, que compilou a lista de países com empresas e outras entidades afetadas por ataques do LockBit em 2023, bem como o número de ataques em cada geografia.

Angola está nesta lista de cerca de 80 países afetados pela atividade do grupo e da sua rede de afiliados, com um ataque contabilizado.

O modelo de operação do LockBit, que trabalhava numa lógica de ransomware-as-a-service, favorecia a disseminação global do uso das suas ferramentas, pelos afiliados usarem esses recursos para lançar ataques em todo o mundo.

“O LOCKBIT OPERA NUM MODELO RAAS, FORNECENDO O RANSOMWARE E A INFRAESTRUTURA A OUTROS CIBERCRIMINOSOS, CONHECIDOS COMO AFILIADOS, QUE DEPOIS REALIZAM OS ATAQUES. ISTO PERMITIU ESCALAR AS SUAS OPERAÇÕES E ATINGIR UM MAIOR NÚMERO DE VÍTIMAS”, SUBLINHA PRECISAMENTE A CHECK POINT SOFTWARE.

Ter acesso à informação sobre os ataques perpetrados pelo grupo era fácil, já que a prática habitual era exibir contadores na página do coletivo na Dark Web, onde se mostrava quanto tempo tinham as vítimas com pedidos de resgate em marcha para os pagar. No mesmo site eram divulgados os dados usados para chantagear os atacados que não pagassem o resgate.

Mais difícil foi conseguir apanhar o rasto aos criminosos e “hackear os hackers” como as polícias britânica e americana, que coordenam a operação, fizeram questão de referir esta segunda-feira, quando tomaram conta do site do grupo na Dark Web e aproveitaram a plataforma para anunciar o sucesso da operação.

No decurso da operação foram encerrados 34 servidores nos Países Baixos, Alemanha, Finlândia, França, Suíça, Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. Foram detidas pessoas na Polónia e na Ucrânia e congeladas mais de 200 contas em criptomoedas.

Nos próximos dias ou semanas esperam-se mais novidades, até porque os Estados Unidos têm uma recompensa de 15 milhões de dólares, para quem partilhar informações que ajudem a apanhar os líderes do grupo, alegadamente com ligações à Rússia. Como sublinha a Check Point “durante 2023, [o LockBit] foi o grupo de ransomware mais dominante em termos de vítimas extorquidas publicamente, publicando mais de 1000 organizações extorquidas”.

A lista elaborada pela empresa de segurança mostra agora que países foram os principais alvos das ações do LockBit e dos seus afiliados, mas também a extensão das atividades do grupo a todos os continentes. Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Canadá foram os países onde se registaram mais ataques com a assinatura LockBit.

Os setores mais afetados foram a indústria transformadora (com quase 25% das vítimas) e o retalho”, destaca a Check Point.

Embora tenham sido anunciadas já várias detenções e as próprias autoridades tenham dito que têm dados para “ir atrás” de muitos dos que usaram as ferramentas do LockBit nos últimos anos, membros do próprio LockBit vieram prontamente dizer que a ação das autoridades teria um impacto limitado.

O tempo mostrará se é assim, mas a Ckeck Point adianta que, para além deste, o grupo tem outro problema em mãos neste momento. “Durante o mês passado, o suporte do LockBit esteve envolvido numa grande disputa num dos principais fóruns clandestinos russos e foi banido de qualquer atividade lá, devido à ética comercial questionável”.

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