Angola conta com 25,9 milhões de subscritores de telefonia móvel e 8,8 milhões de cartões SIM com internet. A taxa de penetração de telemóveis na população está perto de 80%, mas a taxa de internet ainda está longe de ser a desejável e não chega a 30%. A região subsariana tem 70% de taxa de penetração de internet.
Com a entrada da Africell no mercado da telefonia móvel, em dezembro de 2021, o sector cresceu quase 70% para 25,9 milhões de subscritores até setembro de 2023, um aumento em relação aos 15,3 milhões de subscritores de 2021. A operadora com origem no Líbano e capital americano trouxe uma nova dinâmica ao mercado, que era essencialmente dominado pela Unitel, que detinha 90% dos subscritores, sendo que a Movicel detinha os restantes 10%.
Apesar desta nova era do mercado dos telemóveis, a Unitel, que pertence na totalidade ao Estado, através do Instituto Nacional de Gestão de Ativos (IGAPE) e da Sonangol, mantém a hegemonia, mas perdeu quota de mercado para 72% dos 25,9 milhões de subscritores atuais.
Atualmente, a operadora Africell opera apenas nas províncias de Luanda, Benguela e Huíla, mas já é a segunda maior operadora do mercado de telefonia móvel com 24% de quota, fazendo (quase) desaparecer a Movicel, que tem apenas 4% dos cartões SIM ativos.
Em termos comparativos, nos últimos nove meses de 2023, o mercado de telefonia móvel cresceu 15,6% em relação ao período homólogo de 2022 (registava 21,8 milhões de utilizadores).
É o regresso ao crescimento “normal” depois do “boom” entre 2021 e 2022, período em que a subscrição de telefonia móvel cresceu 49%. A entrada em cena da operadora Africell foi a grande impulsionadora de recorde de crescimento no mercado angolano.
A Unitel, cujas ações foram apropriadas pelo Estado em 2022, conta com 18,6 milhões de clientes, o que se traduz num aumento de 2,4 milhões de subscritores em comparação com os três primeiros trimestres de 2022.
Já a Africell aumentou mais 1,5 milhões na sua carteira de subscritores neste período, totalizando 6,2 milhões. A grande novidade é a Movicel, que volta a ganhar algum fôlego após ter perdido quase 2 milhões de subscritores desde 2018. A operadora, que tem como maior acionista o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) com 51% do capital, saiu dos 922.459 clientes em setembro de 2022 para 1,1 milhões de subscritores no período homólogo de 2023.
Guerra dos telemóveis nos maiores mercados
Em Benguela, a Africell já ameaça a Unitel. Naquele que é o segundo maior mercado de comunicações móveis do País, com 2,2 milhões de cartões SIM ativos, a Unitel é líder com 1,2 milhões de subscritores (52,4%). Mas a Africell, em apenas um ano, conquistou 42,9% dos assinantes, somando, nesta altura, 960.369 clientes. A Movicel tem apenas 104.010 subscritores, correspondente a 4,7% do mercado benguelense.
Já na capital do País, a operadora “laranja” aumentou a distância face ao maior concorrente. No mercado mais importante do, com 13,8 milhões de subscritores (53% do total), 8,1 milhões dos assinantes do serviço de telefonia móvel são da Unitel e 5,1 milhões pertencem à Africell. Em 2022, no ano de estreia da operadora de capital americano, a operadora em posse do Estado detinha 7,6 milhões e a Africell 5,6 milhões de utilizadores. Outro mercado importante é o da Huíla, onde a Africell inaugurou operações em agosto do ano passado. A província do Sul do País tem perto de 1,7 milhões de subscritores. Mas ainda é cedo para comparar a força das operadoras neste mercado, já que a operadora libanesa tem menos de 6 meses de mercado.