Mil Milhões de pessoas não conseguem usufruir dos benefícios da internet por causa do alto custo dos dispositivos móveis, de acordo com uma nova pesquisa sobre os preços dos smartphones em 70 países de baixa e média renda.
O acesso a um dispositivo conectado à internet acessível é o primeiro passo para o acesso à internet e fornece uma linha de vida para indivíduos, bem como pequenas empresas que impulsionam economias e criam oportunidades de emprego em todo o mundo.
Cerca de 2,5 mil mlhões de pessoas vivem em países onde um smartphone custa um quarto ou mais da renda média mensal. Isso é igual à parcela de renda que a família média europeia gasta em habitação e serviços públicos. O custo de um dispositivo em alguns países é ainda maior:
- Na Serra Leoa, a pessoa média deve pagar mais de seis meses de renda — US$ 265 — por um smartphone.
- Na Índia, onde vive quase um quinto da população mundial, o smartphone mais barato da operadora líder (Jio) custa US$ 346, mais que o dobro da renda média mensal.
- No Burundi, onde um smartphone custa US$ 52, significa que a pessoa média pagaria 221% da renda mensal.
Mas quase metade da população mundial permanece sem acesso à internet, enquanto o Covid-19 tem sublinhado como nunca antes a importância da conectividade digital. Em alguns países, os dispositivos representam menos uma barreira financeira ao acesso à internet, como no Botsuana, onde os smartphones estão disponíveis com preço de apenas US$ 26 (4% da renda média mensal), Jamaica (US$ 20 ou 5% de renda) e México (US$ 43 ou 5,7% de renda), destacando a divisão gritante entre os países.
“Antes vistos como artigos de luxo, hoje os aparelhos móveis são portas essenciais para a internet”, disse Teddy Woodhouse, gerente de pesquisa da Web Foundation:
A grande maioria dos próximos bilhões de pessoas que entram online o farão usando um dispositivo móvel e, portanto, se quisermos garantir que mais pessoas possam acessar os benefícios da internet, os aparelhos devem ser mais acessíveis.
A crise do Covid-19 mostrou que ficar sem acesso à internet pode significar perder conselhos críticos de saúde, perder o seu sustento e ser cortado dos seus entes queridos quando o distanciamento físico se torna a norma. A internet é uma linha de vida, e precisamos fazer todo o possível para remover as barreiras que estão no caminho das pessoas ficarem online.
A maior barreira que impede as pessoas de usar a internet hoje é o preço, com o custo dos dados muito caro para a maioria das pessoas em países de baixa renda e com aparelhos caros demais para muitos poderem arcar com o grande custo inicial. O relatório pede que governos e organizações multilaterais usem ferramentas políticas para reduzir os custos dos aparelhos para os consumidores.