O AfricaCom celebrou este ano o seu 20º aniversário com um recorde do número de visitantes, expositores e oradores. Talvez o moto deste evento possa ser “IT’S TIME TO STOP TALKING AND START DOING IT!”. De facto uma chamada a todos os players das ICT em África para passar das palavras aos actos.
Grandes acções identificadas como determinantes para mudar o cenário actual de cerca de 500 milhões de Africanos sem acesso a serviços de internet:
- Vencer a baixa literacia digital em Africa para permitir que os Africanos possam beneficiar da tecnologia,
- O “preço dos dados” – disponibilizar aos Africanos tarifas e terminais a preços acessíveis permitindo a disseminação dos serviço de internet entre a população de menor recursos financeiros,
- “African solutions to African problems” – soluções tecnológicas capazes de ultrapassar as barreiras existentes (como energia) e conteúdos locais ou adaptados para servir os reais interesses das populações (como informação de agricultura, cuidados de saúde, serviços financeiros)
Do lado da infraestrutura, o 2G continuará a desempenhar um papel relevante na voz e permitir o primeiro contacto com dados a muitos Africanos residentes nas áreas rurais. O Mobile Broadband continuará a crescer de forma significativa em Africa, atendendo ao rollout de redes móveis de banda larga e a erosão nos preços dos smartphones. Nos próximos 5 anos, o 3G continuará a dominar as redes móveis de dados mas o LTE irá afirma-se, sendo esperado que em 2022 conte com cerca de 210 milhões de utilizadores. O rollout do 5G é esperado acontecer a um ritmo bem mais baixo do que noutras geografias. Alguns Vendors consideramos que em 2023 o 5G representará apenas 1% dos acessos de banda larga.
As dificuldades de financiamento de muitos operadores conjugadas com os baixos ARPUs torna cada vez mais urgente a adopção de práticas efectivas de partilha de infraestruturas. Para que tal seja viável, os governos e reguladores nacionais terão um papel determinante quer seja a nível legislativo (obrigando ao respeito de quotas de partilhas) quer de outras medidas que facilitem as partilhas como incentivos fiscais, acordos de roaming em zonas rurais, envolvimento dos municípios na regulação da construção de infraestruturas.
O movimento das startups em Africa é já uma realidade. Por exemplo a plataforma VC4A conta com 8500 startups africanas. Muitos operadores estão a estabelecer parcerias com essas startups em alguns casos suportadas em financiamento do Banco Mundial. De facto os operadores necessitam de ultrapassar as limitações ao sucesso dos seus planos de negócio causadas pelos baixos ARPUs criando novos modelos de negócio assentes em produtos e serviços atrativos para os Africanos. Tal objectivo requer uma estratégia de sucesso.