Com o avanço tecnológico e o estreitamento da relação da sociedade com gadgets como smartphones e tablets, é inevitável também que a produção de lixo eletrónico acompanhe o crescimento vertiginoso no consumo tecnológico.
O peso do lixo eletrónico produzido em 2019 é de 53,6 milhões de toneladas. O registo do ano passado mostra um aumento de 21% face a 2014 e representa ainda um recorde no que toca a smartphones, computadores, eletrodomésticos e gadgets que vão parar a lixeiras.
O reflexo disso acaba se ter exposto num relatório internacional The Global E-Waste Statistics Partnership, que aponta que em 2019 a humanidade produziu mais lixo eletrónico do que em qualquer outro período da história. Deste lixo todo, apenas 17% foi reciclado, com a maioria a ir para aterros, a ser incinerado ou a ‘desaparecer’ no meio de muita burocracia.
O relatório aponta que cenário não deve melhorar tão cedo, de acordo com os investigadores. Em 2030, por exemplo, a previsão é de que a humanidade já esteja a produzir o dobro do que produzia em 2014, por exemplo. A situação fica ainda mais preocupante se lembrarmos que boa parte desse lixo é não só danoso para o meio ambiente, mas tóxico também para seres humanos.
Scott Cassel, fundador do Instituto Product Stewardship, explica que “as empresas de eletrónica fazem um bom trabalho de desenhar para o prazer e para a eficiência, mas a rápida mudança na procura por parte dos consumidores significa que estão a desenhar para a obsolescência. Assim, os produtos mais recentes e fixes de hoje são o lixo de amanhã”.
Em termos geográficos, a Ásia é a região que mais lixo eletrónico gera (é o maior e mais populoso continente), embora na Europa se produza três vezes mais lixo por pessoa do que na Ásia.
Ruediger Kuehr, um dos autores do relatório, explica que estamos “no início de um tipo de explosão devido ao aumento da eletrificação que vemos em todo o lado (…) Começa com os brinquedos e basta ver o que acontece no Natal: tudo vem com uma pilha ou uma bateria. Depois passamos para os telemóveis, aparelhos de TV e computadores”.