A Direcção Provincial de Investigação de Ilícitos Penais do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional registou, de Janeiro de 2023 a Julho deste ano, 120 crimes de clonagem e troca de cartões multicaixa. Deste número, 16 processos foram concluídos e 104 estão em fase de instrução preparatória, com 19 suspeitos em prisão preventiva e 46 outros sob termo de identidade e residência.
Segundo o superintendente-chefe Adilsom Santos, chefe de Departamento de Investigação de Ilícitos Penais do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, a corporação recebe, em média, três queixas por semana relacionadas com a troca e clonagem de cartões multicaixa.
O oficial da Polícia Nacional explicou que os burladores costumam perfilar-se nos ATM, como se quisessem transferir ou levantar dinheiro. No momento em que entram em contacto com o ATM, colocam determinado objecto no orifício de entrada de cartões, o que causa a inoperacionalização da máquina. Quando a vítima já identificada se dirige à máquina e tenta introduzir o seu cartão, apercebe-se que não entra. É neste momento que aparece um dos suspeitos que se predispõe em ajudar. Diante da pessoa a ser ajudada, o suspeito observa o tipo de cartão que a vítima tem em mãos e retira do bolso um cartão idêntico. Usa manobras de distração para trocar o cartão e, com o código memorizado, vai para outro multicaixa retirar o dinheiro da conta da vítima e repartem em transferências e compras. Algumas vezes, dirigem-se às bombas de combustível e, em combina com um funcionário, retiram o dinheiro.
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Em alguns casos, segundo Adilsom Santos, os burladores ficam muito tempo na fila do multicaixa e acabam por pancar propositadamente na vítima, que está com o seu cartão na mão. Com o cartão no chão, o suspeito apanha-o, troca-o e entrega outro à vítima. Quando este o tenta usar, nota que não dá certo. Com a vítima fora de si, aparece um outro comparsa que informa à vítima que, através do ATM, pode se fazer o bloqueio do cartão.
O responsável do DIIP-Luanda esclareceu que não existe um perfil concreto da vítima, pelo que todos os utentes de multicaixa estão sujeitos à clonagem ou troca de cartões.
Quanto aos suspeitos, disse que também não têm um perfil exacto, sendo que, para o êxito das suas acções, circulam com cartões multicaixa de vários bancos, sem qualquer utilidade, tendo recordado o caso de um jovem que foi detido em posse de mais de 100 cartões de vários bancos.